Presidente foi questionado, em entrevista à Rádio Jovem Pan, se haveria acordo com Lula e FHC para frear a operação e os efeitos na classe política.
O presidente Michel Temer negou nesta segunda-feira (17) que tenha
conversado com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio
Lula da Silva para costurar um pacto para conter danos da operação Lava Jato.
Temer falou sobre o tema em entrevista à rádio Jovem Pan nesta manhã.
Perguntado se haveria algum "acordão" com os ex-presidentes, e se o trio
já se reuniu para conversar sobre conter os efeitos das investigações,
Temer disse que uma negociação nesse tipo seria "absolutamente
inviável".
"Fazer um acordão para solucionar os problemas que hoje estão entregues
ao Judiciário, ao Ministério Público e acabar com o que está aí é
absolutamente inviável. Eu não participo, não promovo e jamais fui
questionado ou perguntado a respeito disso, se toparia fazer uma coisa
dessa natureza", declarou.
Temer afirmou que encontrou-se com Lula em fevereiro para prestar
solidariedade pela internação da mulher do ex-presidente, Marisa
Letícia, que morreu um dia depois da visita do peemedebista. Na ocasião,
o ex-presidente pediu a ele uma conversa para tratar de reforma
política.
"[Na época], ele disse que teríamos de conversar sobre reforma política", disse Temer.
"Se num dado momento disserem 'olha Temer, você passou 24 anos no
parlamento, o presidente Fernando Henrique não sei quantos anos, Lula
igualmente, vocês não querem trabalhar um pouco na hipótese de uma
reforma política?', aí quem sabe [eu participe]. Mas apenas sobre esse
tópico, não sobre isso que está acontecendo", completou o presidente.
O presidente também descartou a possibilidade de convocar uma
Assembleia Constituinte para tratar da reforma política. Ele apontou a
demora para o começo dos trabalhos como o principal problema e afirmou
que a Lava Jato só é possível graças a constituição atual, de 1988.
"Você sabe que uma [Assembleia] Constituinte se dá quando há uma
ruptura com o texto constitucional. Você tem de fazer eleição. Depois,
aguardar os trabalhos. Então você veja o tumulto que nós nos
envolveríamos no momento em que as instituições estão funcionando
normalmente", disse.
Ministros investigados
Temer também admitiu ser provável que ministros atualmente implicados
na Lava Jato peçam para deixar o cargo no governo com o avanço das
investigações. "É muito provável que alguns ministros fiquem
desconfortáveis e digam que não podem continuar", afirmou.
Apesar disso, o presidente declarou que só afastará do cargo ministros
alvos de denúncia do Ministério Público. "Eu não vou colocar para fora,
não vou demitir, exonerar simplesmente quando alguém falou de outro.
Quando houver provas robustas é quando eu vou tomar providências."
Divulgada na última semana, a lista de novos investigados na operação
inclui oito ministros do governo Temer, deputados, senadores e
governadores. A abertura de inquéritos foi autorizada pelo relator da
Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin com
base nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Os ministros investigados são: Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil;
Moreira Franco (PMDB), da Secretaria-Geral da Presidência da República;
Gilberto Kassab (PSD), da Ciência e Tecnologia; Helder Barbalho (PMDB),
da Integração Nacional; Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores;
Blairo Maggi (PP), da Agricultura; Bruno Araújo (PSDB), das Cidades; e
Marcos Pereira (PRB), da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
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