Cerca de 300 manifestantes pedem a desapropriação de terras para a criação de assentamentos no Pará. Mobilização integra Jornada de Lutas Nacional pela Reforma Agrária.
Cerca de 300 trabalhadores rurais ligados ao Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST) ocupam a sede do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Belém, na manhã desta
terça-feira (18).
Segundo a coordenação dos manifestantes, a ocupação é parte da Jornada
de Lutas Nacional pela Reforma Agrária, que mobiliza 15 estados e o
Distrito Federal para pedir o assentamento de 120 mil famílias em
diversos estados de todo o Brasil.
Em Belém, o movimento pressiona para a desapropriação imediata de
terras com o objetivo de criar assentamentos nos municípios de Santa
Luzia do Pará, Irituia, Acará, no nordeste paraense, além de Santa
Izabel do Pará, Benevides e Santa Bárbara, na Grande Belém. Eles também
reivindicam a liberação de crédito para os assentamentos e acampamentos
nas regiões norte e nordeste do estado, assim como a criação de escolas
do campo.
Os trabalhadores afirmam que irão permanecer na sede do órgão até serem
recebidas para discutir suas demandas om o superintendente e diretores
do Incra e o Instituto de Terras do Pará (Iterpa). O G1 tenta contato
com a direção do Incra na capital.
21 anos do Massacre
Na última segunda-feira (17), trabalhadores rurais e integrantes do
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra fizeram manifestações em Belém e Eldorado dos Carajás,
no sudeste do Pará, para reivindicar direitos para o movimento e
relembrar os 21 anos do confronto em Eldorado dos Carajás, que resultou
na morte de 19 sem-terras pela Polícia Militar, em uma área conhecida
como a “Curva do S”.
Os manifestantes saíram em caminhada pela avenida Almirante Barroso, um
dos principais corredores de tráfego da capital paraense e, em seguida,
parou em frente ao prédio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e de
Pesca, onde pediu melhorias nos assentamentos. Eles ocuparam o
auditório da Secretaria.
O confronto entre integrantes do MST e policiais ocorreu em 17 de abril
de 1996 no município de Eldorado dos Carajás, quando 1,5 mil sem-terra
que estavam acampados na região decidiram fazer uma marcha em protesto
contra a demora da desapropriação de terras na rodovia PA-150. A Polícia
Militar foi encarregada de tirá-los do local. Além de bombas de gás
lacrimogêneo, os policiais atiraram contra os manifestantes. Dezenove
camponeses foram mortos.
Dos 155 policiais que participaram da ação, Mário Pantoja e José Maria
de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados a penas que
superaram os 150 anos de prisão. José Maria de Oliveira permanece
custodiado no Centro de Recuperação Especial Anastácio das Neves. Já
Mário Colares Pantoja está em recolhimento domiciliar para tratamento de
saúde. Já os demais policiais militares que foram a julgamento foram
absolvidos dos crimes.
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