Presidente do STF promete a indígenas retomar julgamento de ação contra Vale que pode suspender atividades do Projeto Onça Puma
Em 2015 a JF do Pará já havia suspendido as atividades em Onça Puma, mas
decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, permitiu que a Vale
voltasse a operar o empreendimento até o mérito do caso ser julgado pelo
Supremo.
A presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministra Cármen Lúcia, prometeu ontem (26) que uma ação que
contrapõe indígenas da etnia Xikrin, no Pará, e a mineradora Vale será
julgada em plenário no próximo mês. As lideranças Xikrin compareceram à
sede do STF nesta quarta-feira e foram recebidos pela ministra em um dos
salões do tribunal.
Em 2015, uma decisão liminar da Justiça Federal do Pará
ordenou a suspensão das atividades de mineração de níquel do projeto
Onça Puma, da Vale, no município de Ourilândia do Norte, no Pará, em
decorrência do descumprimento de condicionantes ambientais. Poucos meses
depois, no entanto, uma decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do
STF, permitiu que a Vale voltasse a operar o empreendimento até o mérito
do caso ser julgado pelo Supremo, o que ainda não ocorreu.
O assunto chegou a ser discutido em
plenário em junho do ano passado, mas o julgamento acabou adiado em
decorrência de um pedido de vista do ministro Luís Roberto Barroso.
No encontro de ontem, as lideranças
contaram sofrer complicações de saúde devido à contaminação das águas do
rio Cateté. Os indígenas afirmaram que, por recomendação médica,
encontram-se impossibilitados tomar banho e pescar nas águas que banham
suas comunidades. Em resposta, Cármen Lúcia prometeu dar celeridade ao
processo, pautando a ação para o mês de maio.
A pedido do Ministério Público Federal
(MPF), a decisão de 2015 determinou ainda o pagamento de R$ 1 milhão por
mês a cada uma das sete aldeias indígenas afetadas pelo empreendimento,
até que medidas compensatórias fossem cumpridas.
Na época do julgamento no STF, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se posicionou favorável à
suspensão de operação de Onça Puma e à indenização das comunidades
afetadas. Ele destacou um estudo da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (UNIFESSPA) atestando a contaminação do rio Cateté por
metais pesados. Antes do pedido de vista, o placar do julgamento estava
em 2 votos a favor e 1 contra a suspensão das atividades da Vale na
região.
Em sua defesa, a Vale afirma que a
interrupção do empreendimento pode levar ao caos social na região, com a
extinção de mais de 900 empregos diretos e 11 mil indiretos. A empresa
diz prestar assistência às comunidades atingidas e argumenta que a
transferência direta de indenizações em dinheiro aos indígenas pode
ocasionar efeitos negativos sobre as aldeias.
O empreendimento de Onça Puma começou a ser instalado em 2004 e deu início à extração de níquel da natureza em 2008.
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