Justiça Federal: ex-secretário de obras de Marabá e Parauapebas se entrega e vai cumprir pena de 8 anos por peculato
Dario Veloso foi candidato a prefeito de Parauapebas em 1996, secretário
de obras de Valmir Mariano em Parauapebas e do falecido Veloso em
Marabá.
O ex-secretário de Obras de
Marabá e Parauapebas, Dário Furtado Veloso está recolhido no Centro de
Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama) após 14 anos da
primeira condenação em um processo por Peculato, movido pelo Ministério
Público Federal (MPF) e acatado pela Subseção da Justiça Federal em
Marabá. Ao final do processo, em 2016, ele acabou sentenciado a oito
anos de reclusão a serem cumpridos inicialmente em regime semiaberto.
O processo em que figurou como réu trata
de desvios na aquisição de leite em pó e de óleo de soja refinado com
recursos do Programa de Combate às Carências Nutricionais (PCCN),
do Ministério da Saúde, quando ele estava à frente da Secretaria de
Obras de Marabá, em 2001.
Dário se apresentou na Delegacia da
Polícia Federal em Marabá no último dia 10 quando foi dado cumprimento
ao mandado de prisão expedido.
Em agosto passado, o juiz federal
Marcelo Honorato decidiu sobre requerimento da defesa para extinção da
punibilidade, alegando incidência de prescrição da pena. Conforme
o magistrado, a pena definitiva cominada à Dário Veloso prescreve em 12
doze anos, tempo não decorrido desde o trânsito em julgado da sentença
condenatória, o que resultou na determinação, por parte do juiz federal,
no prosseguimento da execução das penas impostas e solicitação à
Polícia Federal para que diligenciasse no sentido de cumprir o mandado
de prisão.
Além de Dário Veloso, foram processados
Celivan Araújo (secretário Municipal de Saúde), Nara Miriam Mota
Rodrigues (secretária Municipal de Finanças), Ana Helena Moraes
Rodrigues (contadora da Secretaria Municipal de Saúde), Max Faraday
Dias, Haroldo Júnior Cunha e Silva, Silvio Rogerio da Silva (integrantes
da Comissão Municipal de Licitação), Sandra Antunes Moreira França
(tesoureira da Prefeitura Municipal de Marabá), e ainda, a empresa
Alvorada Comércio Transportes e Importação e Exportação Ltda. e o
proprietário dela, Eduardo Barbosa De Souza.
Conforme a denúncia, Geraldo Veloso, pai
de Dário e então prefeito da cidade, e os réus Max Faraday, Silvio
Rogério Da Silva e Haroldo Júnior Cunha e Silva haviam praticado
diversas irregularidades durante o processo licitatório nº 0.009/2001
com o objetivo de adquirir leite em pó e óleo de soja refinado. Indícios
apontaram que foi realizada uma compra superfaturada de 92 mil quilos
de leite em pó e 14.400 latas de óleo, no valor total de R$610.632,
favorecendo a empresa Alvorada.
Após a compra, apontou-se que o
ex-prefeito – falecido em 2002 -, Celivan Araújo, Nara Miriam Mota
Rodrigues, Ana Helena Moraes Rodrigues e Sandra Antunes Moreira França
teriam executado irregularmente o contrato administrativo de compra da
mercadoria, sendo que o pagamento teria sido efetuado integral e
antecipadamente, sem que houvesse se exigido da empresa vencedora da
licitação o depósito da garantia de execução do pactuado, como
era previsto em edital e em contrato.
Dário Veloso aparece na terceira fase da
sucessão de atos de improbidade administrativa levantados, quando junto
de Eduardo Barbosa De Souza foi acusado de ter simulado a entrega de 30
mil kg de leite em pó e 4 mil latas de óleo de soja. Dentre todos os
denunciados, em 2003 foram condenados Dário Veloso, Eduardo Barbosa de
Souza, José Maria Rodrigues Barros, Celivan Araújo e Nara Miriam Mota
Rodrigues, enquanto os demais réus foram absolvidos.
Dário Veloso recorreu da decisão junto
ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região alegando que a representação
contra o grupo tinha motivações políticas e que não havia ilegalidade
no processo licitatório para compra dos produtos que deveriam ser
destinados à população carente e desabrigados pelas enchentes. Eduardo
Barbosa de Souza e a empresa dele também manifestaram apelação, alegando
que o produto foi entregue ao município conforme aquisição.
Em 2007, o acórdão que julgou os
recursos majorou a pena de Dário Veloso – que inicialmente era de pouco
mais de dois anos – para oito anos de reclusão e 106 dias-multa. Celivan
Araújo teve a pena extinta e Nara Miriam foi absolvida em recursos.
Eduardo Barbosa e José Maria também tiveram penas majoradas em segunda
instância, porém com novos recursos conseguiram, junto ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ), redução da pena e consequente prescrição da
pretensão punitiva.
No caso de Dário, no entanto, a sentença
do TRF 1 acabou transitada em julgada, sendo expedido o primeiro
mandado de prisão contra ele em 2013. Além de atuar como secretário de
Obras nos dois municípios, Dário Veloso também foi candidato à
Prefeitura de Parauapebas, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT),
em 1.996. Ao final das Eleições obteve 2.688 votos, sendo o quarto
colocado no pleito que elegeu Bel Mesquita. Em 2015 deixou o cargo na
secretaria municipal da cidade em decorrência de condenações no
processo por Peculato.
O blog entrou em contato com o advogado
que aparece no processo como responsável pela defesa, mas ele não
confirmou se está atuando no caso e afirmou que não comenta processos de
clientes. A família de Dário Veloso também foi procurada, mas não se
manifestou até a publicação da reportagem.
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