A ONG Global Witness apurou que a indústria madeireira está vinculada a 16 assassinatos, enquanto proprietários de terras são suspeitos de perpetrarem vários assassinatos na Amazônia. “O governo diminuiu a legislação ambiental e debilitou instituições de direitos humanos”, afirmam.
O Brasil tem sido sistematicamente o
país mais funesto para defensoras e defensores do meio ambiente e para
os que lutam pela permanência na terra e em seus territórios, desde que a
Global Witness começou a compilar dados mundiais. Em 2016, um espantoso
número de 49 pessoas foram assassinadas por protegerem suas terras: 16
delas defendendo as ricas florestas brasileiras dos madeireiros ilegais e
um número cada vez maior, lutando contra a expansão do agronegócio e o
seu poderoso lobby dentro do governo.
Para a ONG, apesar do chocante e crescente número de assassinatos, o
governo brasileiro tem, na verdade, diminuído a proteção a defensoras e
defensores ambientais. Quase imediatamente após assumir o poder, em
agosto do ano passado, a administração de Michel Temer desmantelou o
Ministério dos Direitos Humanos. O Programa Nacional de Proteção aos
Defensores dos Direitos Humanos conta com poucos recursos e é ineficaz.
Os assassinatos são emblemáticos dos níveis extremos da violência rural
no Brasil. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) atribui isso ao avanço
agressivo, com respaldo estatal, de projetos empresariais – incluindo
agronegócios, mineradoras e empresas de energia – sobre as terras de
comunidades indígenas e tradicionais, assim como de pequenos
agricultores, os quais têm organizado uma crescente resistência coletiva
para enfrentar o problema. De acordo com a CPT, as raízes do conflito
encontram-se na história do colonialismo e da escravidão no Brasil, e o
fato de o governo nunca ter resolvido os problemas estruturais do setor
agrário.
“É por isso que muitas organizações sugerem que o conflito só pode ser
resolvido através da implementação da política de reforma agrária,
estabelecida na Constituição Brasileira. No entanto, a forte influência
da elite rural sobre a política nacional, a qual se aprofundou com a
atual crise política, tem impedido que isso aconteça.
Enquanto isso, a violência aumenta”,
destaca a Global Witness. A CPT documentou 61 assassinatos devido a
conflitos no campo no Brasil em 2016*, maior número dos últimos 13 anos.
Em 2017, a entidade já registrou, até o momento, 46 assassinatos em
conflitos no campo.
Para a ONG estrangeira, “para deter o curso de assassinatos, o governo
brasileiro deve fortalecer o seu apoio a defensoras e defensores do meio
ambiente e da terra, especialmente nas áreas mais remotas do país”.
Acesse os materiais:
– Estudo de caso Brasil: https://www.globalwitness.org/documents/19127/BRASIL_-_Estudo_de_caso_-_Global_Witness.pdf
Relatório completo:
* Cumpre também dizer que a CPT não
trabalha com a categoria de defensor/a de direitos humanos ou do meio
ambiente e nem com a categoria ambientalista. Os casos incluídos nesse
relatório, portanto, aqueles que se enquadram em violência contra
defensoras e defensores de direitos humanos e ambientalistas, de acordo
com o conceito da Global Witness.
Por Comissão Pastoral da Terra
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