Concluir as obras da estrada e
reconstruir as pontes. E tudo com muita urgência. Foi esse o grande o
pedido dos índios xicrins para a Prefeitura de Parauapebas na última
audiência pública para debater o Plano Plurianual (PPA) do Governo, que
definirá as obras e serviços prioritários para o período entre 2018 e
2021.
Na sexta-feira, 14, os caciques e demais
lideranças das aldeias Cateté, Ô-ODjá e Djudjêkô debateram por quase
duas horas com o prefeito Darci Lermen e secretários municipais.
Desabafaram as preocupações e apresentaram uma pauta de reivindicações,
entre as quais a construção de poço artesiano, limpeza das aldeias,
reforma ou construção de uma nova Casa do Guerreiro e de um refeitório,
gradeamento das roças, aquisição de ambulância, medicamentos e uma nova
escola.
Mas durante os debates prevaleceu o
pedido para a melhoria da estrada. Somente para a aldeia Cateté são
quase 150 quilômetros. Ninguém soube informar, ao certo, quantas pontes
existem na área, mas seriam cerca de 50, a absoluta maioria de madeira.
Os xicrins reivindicaram a construção em concreto.
No início deste ano, a prefeitura
colocou máquinas na reserva e deu início ao trabalho nas estradas, que
foi interrompido com a chegada do inverno, conforme explicou a
secretária de Obras, Silvana Farias, que antes mesmo do encerramento da
plenária e a pedido do prefeito percorreu 105 quilômetros de estrada
para checar a situação de perto de todo o trajeto, sendo seguida depois
da audiência pelo prefeito e os caciques das três aldeias.
Darci Lermen afirmou que até o final
deste mês as máquinas da Semob estarão novamente na reserva, para onde
também serão enviadas equipes das secretarias de Urbanismo (Semurb),
Produção Rural (Sempror) e da Saúde (Semsa). Em meio à plenária, o
prefeito ainda anunciou que na próxima quarta-feira, 19, terá reunião no
Ministério da Saúde, para tratar da execução de programas e da
liberação de verbas, que contemplam a saúde indígena.
Ao povo Xicrin, Darci Lermen assegurou
que todos os compromissos assumidos serão cumpridos dentro dos quatro
anos de governo. “Trato feito, trato cumprido. Tem que ser assim”,
enfatizou o prefeito. “Não é nenhum favor para vocês. É minha obrigação
vir aqui com vocês pra gente cuidar daquilo que realmente é necessário
para a melhoria de vida de todo mundo aqui”, reiterou.
INEDITISMO GOVERNAMENTAL
Com a audiência pública nas aldeias
xicrins, a prefeitura encerrou os debates com a população para a
construção do PPA para o quadriênio 2018/2021. Foi a primeira vez na
história do município que um plano de governo municipal teve
participação direta da população, colocada como protagonista dos
projetos e ações governamentais.
No caso do Povo Xicrin, o tratamento no
Plano Plurianual será diferenciado. “Vamos trabalhar a construção de um
PPA específico para os indígenas, unificando o trabalho de todas as
secretarias”, disse João Corrêa, secretário municipal de Planejamento
(Seplan). “Esses próximos três anos e meio serão de muito trabalho,
muita dedicação. É uma forma de agradecer, de recompensar os índios que
estão aqui hoje e que já foram tão massacrados na história desse País”.
Para João Corrêa, a audiência pública
sobre o PPA nas aldeias ganha importância histórica. “É um marco inicial
para melhorar, para trazer qualidade de vida para os índios, para que
eles sejam mais felizes aqui no lugar onde vivem sem precisar estar indo
na cidade, sem precisar estar batendo em tantas portas para serem
atendidos”, declarou o secretário.
O próximo passo agora será sistematizar
todos os dados coletados nas 22 audiências públicas sobre o PPA e
elaborar o anteprojeto, que precisa ser enviado à apreciação da Câmara
Municipal de Parauapebas até 31 de agosto deste ano. Os vereadores terão
prazo de um mês para debater e aprovar a matéria, podendo ou não
apresentar emendas.
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