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Parauapebas e cia já produziram R$ 16 bilhões em riquezas este ano


“Segure-se, que lá vem textão!
Cadê os R$ 16 bilhões que estavam aqui? Eles foram exportados pelos municípios da região cuproferrífera (produtora de cobre e ferro) de Carajás. Você sabe onde está esse dinheiro? Pode me revirar de cabeça para baixo porque comigo não está.
Isso mesmo: praticamente R$ 16 bilhões (precisamente R$ 15,93 bi) foram produzidos e exportados pelos municípios de Marabá, Parauapebas, Canaã dos Carajás, Curionópolis e Ourilândia do Norte em commodities, considerando-se o valor global das exportações desses lugares convertido em moeda nacional.
Mas quem você está pensando que produziu essa dinheirama toda? Foi o amigo da mercearia? Foi a tia do cheiro verde? Foi o garoto do “Olha o picolééé”? Foi a loja de calçados? Bom seria se fosse, mas nããã!
A partir da semana que vem, excepcionalmente todos os dias, vai ter uma coluna minha na viagem que você e eu faremos de Marabá a Ourilândia do Norte. Vamos sair da caixinha e iniciar o que muito gestor deveria fazer por básico, que é deixar seu gabinete e desbravar seu próprio município de onde sai tanta riqueza debaixo do nariz de todos, e meio mundo insiste em se fazer de doido e se contentar com catarro.
Sabe esses quase R$ 16 bilhões? Pelo menos, R$ 15,55 bilhões desse montante foram produzidos e retirados pela mineradora Vale desta nossa região, onde moram 560 mil habitantes e onde também, infelizmente, 47 mil passam fome, quase sete mil deles crianças paupérrimas com até 4 anos que não terão o que colocar na boca no dia de hoje e, para piorar, ainda são obrigadas a engolir o próprio choro (e aquele catarro lá de cima) por força das circunstâncias. Os números são de 2017, e na semana que vem vou até antecipar os dados da Estimativa da População que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda está calculando para soltar no final do mês. Não há tempo a perder.
NEM CONTRA, NEM A FAVOR; MUITO PELO CONTRÁRIO
Antes, porém, que apareça algum “fanboy” da Vale para dizer que este colunista está “descendo o pau” na empresa ou que tem algo contra em particular, quero esclarecer algumas coisas. Nada tenho contra a Vale, tampouco a favor. E muito pelo contrário.
Posso afirmar, com bastante tranquilidade e serenidade, que poucas pessoas conhecem seu “modus operandi” tão bem quanto eu. E não preciso ser convidado para viajar em seus transportes cheios de vídeos com propaganda pesada, ufanista e sonolenta para tecer elogios ou me posicionar em contrário, sempre que necessário.
Conheço funcionários ancestrais da empresa que não estão a par de suas práticas por mera preguiça de ler aqueles chatos calhamaços de relatórios que ela divulga com informações estratégicas de mercado e valiosíssimas para a nossa região.
Como o povo brasileiro é, em média, preguiçoso para ler — e para muitas outras questões — e adora discutir de forma defensiva, passiva e pejorativa aquilo sobre o quê não possui fundamento técnico ou científico, os comentários depreciativos e de defesa apaixonada ou amadora não me incomodam. Pelo contrário, servem de gás para me estimular a analisar ainda mais a performance da empresa, cuja competência para a indústria extrativa, aliás, é formidável.
A Vale é ímpar no que faz, e o faz com maestria, indiscutivelmente. Prova disso é que ela consegue passar a perna em 99% da imprensa brasileira a cada trimestre, colocando todo mundo para divulgar a mesma coisa (seus releases contando vantagens, geralmente, de produção física), sem que essa mesma imprensa faça uma análise sequer simplória de seus atos e observe que, para todo recorde de produção, existe uma fatal diminuição das reservas explotadas, haja vista o fato de serem os recursos minerais bens finitos.
A culpa é dela, de enganar? Não acredito. Se os que são feitos de bobo não se incomodam, não serei eu a palmatória do mundo a condená-la.
LEIA, DUVIDE, PESQUISE, QUESTIONE, INFORME-SE
Há quatro anos tenho lido, minuciosa e exaustivamente, cada documento da Vale para estar certo de que, até em minhas besteiras prosaicas, há uma ciência dos números por detrás de cada filosofia vã. Minhas duas últimas diversões, com relação a ela, foram o estudo do seu mais recente “Formulário 20F”, que é sempre divulgado em abril de cada ano nos Estados Unidos e o deste ano veio com 188 páginas; e a leitura atenta do gigantesco “Formulário de Referência 2017”, uma espécie de “enciclopédia Vale” de 644 páginas que, logo nas primeiras linhas, faria qualquer cristão abandonar a leitura e ir tomar umas ou ir à igreja rezar. São, em verdade, leituras que precisam ser feitas atendo-se a outros textos, para contrastar números e até questioná-los.
Felizmente, não há texto que me vença pelo cansaço, e eu já degustei todos os 20F disponibilizados no portal da empresa, desde o de 2001, assim como seu mais antigo Formulário de Referência já lançado ao meio virtual. Também tratei de ler muitas teses e dissertações que versem sobre — defendendo ou criticando — a empresa para não cair nas mesmas ciladas e no mesmo repeteco dos que a insultam ou a vangloriam.
Desenterrei documentos históricos que, talvez, só o Senado dos anos de 1970 e 1980 tenha, para compreender a atuação da empresa na região e as transformações socioeconômicas que vêm ocorrendo, inclusive com novos arranjos territoriais e a possibilidade emancipacionista. Ou você acha que se fosse hoje, com tudo o que a Vale gera em benesses (leia-se: cota-parte de compensações financeiras e impostos diversos) para as prefeituras de Parauapebas e Canaã, Marabá aceitaria perder a extensão territorial que emancipou outrora? Nunca no Brasil.
Tenho ciência de cada uma das datas de tudo o que a Vale faz divulgar e, sempre que me é conveniente, antecipo as coisas (inclusive seus números de produção, informados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) porque gostaria que todos tivessem o mesmo grau de interesse e engajamento por uma empresa que faz a diferença — para melhor ou para pior, depende do ponto de vista — no interior do Pará. Não podemos fechar os olhos para o fato de que ela é a maior empregadora privada da região cuproferrífera, arregimentando um exército de 13 mil homens (empregados próprios, sem contar os terceirizados) distribuídos por meia dúzia de projetos no Pará e que movimentam cerca de R$ 1 bilhão anualmente em massa salarial, que muito bem faz ao comércio regional, diga-se de passagem.
VAMOS DE QUÊ, DE VAN OU BUSÃO?
Ainda assim, mesmo de olhos abertos, devemos buscar entender o que deveria ser, estar e ficar, para além disso, na região. Precisamos questionar o óbvio. É suficiente? E nossos ilustres gestores, como se comportam diante de tamanha riqueza?
Ah, os gestores! Corresponsáveis (ou historicamente os maiores irresponsáveis de fato?) por vivermos como vivemos em nossos municípios paraenses. Particularmente, tenho apreço por dois deles (o de Marabá, Tião Miranda, e o de Parauapebas, Darci Lemen), mas não posso me cegar e deixar de alertá-los para a necessidade de olhar com carinho ao povo sofredor desta região, que passa fome na real enquanto bilhões de dólares viajam com todo o conforto de trem e de navio para a prosperidade do segundo país mais rico do mundo. Ao passo que a China se agiganta, à custa do melhor de nossos recursos, as regiões produtoras encharcam-se em esgoto a céu aberto, afundam-se em estradas esburacadas, sucumbem à poluição de seus cursos d’água, gemem de fome e “y otras cositas más”, fruto da incompetência administrativa que parece haver desde os tempos das caravelas.
Para, André, que tá chato.
A minissérie “Pará Rico, Povo Pobre” começa na segunda. Não perca”.
Por: André Santos – Jornalista e engenheiro de minas

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