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PARAUAPEBAS ENTRA NO DEBATE SOBRE SUICÍDIO ENTRE ADOLESCENTES

Pela primeira vez, prefeitura discute o problema, visto como "epidemia silenciosa" e que tem gerado preocupação na Organização Mundial da Saúde

É triste e preocupante, mas é real: a cada ano aumenta o número de pessoas que tiram a própria vida. No mundo, o suicídio é a segunda maior causa de mortes. É uma média de 800 mil, por ano. No Brasil, é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos: foram 55.649 casos no período de 2011 a 2015, segundo dados de setembro deste ano do Ministério da Saúde.
Entre adolescentes com idades entre 10 e 14 anos, a taxa de suicídio aumentou 40% nos últimos dez anos e 33% entre aqueles com idade entre 15 e 19 anos, segundo o Mapa da Violência 2014. Todo dia, 28 brasileiros se suicidam.
Os números têm despertado atenção do Ministério da Saúde porque são crescentes a cada ano e começam a ser tratados como uma “epidemia”. Saltou de 10.490 suicídios em 2011 para 11.736, em 2015. Ainda tem as tentativas de suicídio. Foram 48.204 registros entre 2011 e 2016. E são as mulheres que mais tentam acabar com a própria vida: 69% (veja sobre a pesquisa em http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/Coletiva-suicidio-21-09.pdf).
E o que o Poder Público e a sociedade podem fazer para combater um problema que ainda é estigmatizado e, por essa razão, é tão silencioso, principalmente no que diz respeito aos jovens e adolescentes? Até 2020, a meta do Ministério da Saúde é reduzir em 10% a mortalidade por suicídio.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) de Parauapebas e a Coordenação da Rede de Atenção Psicossocial decidiram entrar na luta e promoveram o debate com o tema “Adolescência, Suicídio e Automutilação”. Foi nesta quinta-feira, 9, no auditório do Instituto Federal do Pará (IFPA), em alusão ao Dia Mundial de Saúde Mental. A programação foi direcionada para professores e demais profissionais da rede pública.
A secretária adjunta municipal de Saúde, Terezinha Guimarães, considera de “extrema importância” que o assunto seja estendido às famílias até para orientá-las sobre os sinais de um comportamento suicida. “Precisamos também que esse assunto chegue até o conhecimento dos pais desses adolescentes, pois essa situação vem ocorrendo de forma alarmante na sociedade, o que também é reflexo de famílias desestruturadas. É necessário fortalecer nossa sociedade focando nessas famílias”, defendeu a secretária.
EM DEPRESSÃO
Os estudos mostram que 100% de quem comete ou tenta cometer suicídio enfrenta algum problema mental, principalmente depressão, já considerada o “mal do século”. Em Parauapebas, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) está preparado para dar orientações. Inclusive, o estudo do Ministério da Saúde mostra que a existência de um Caps nas cidades reduz em 14% o risco de suicídio.
A médica psiquiatra Mara Menegazzo ressaltou o fato de o debate sobre adolescência, suicídio e automutilação ser pioneiro na região. “Até porque na literatura brasileira tem-se pouco a respeito do tema, uma vez que é uma situação que vem crescendo em altos índices internacionais, nacionais e municipais. E isso vem nos preocupando muito”, alertou ela.
É preciso ouvir com atenção os adolescentes que se autolesionam, orienta a psiquiatra, porque essa atitude é um grito de socorro. “É uma forma de expressão do indivíduo, de sofrimento, uma vez que ele quer obter alívio através de um corte, e realmente sente alívio, e esse comportamento volta a se repetir. Esses indivíduos chegam a cometer suicídio. Por isso, é muito importante ouvir e debater com esses adolescentes que vem se autolesionando”, frisou Mara Menegazzo.
“Os debates me trouxeram mais sabedoria. As automutilações e os suicídios ocorrem de forma alarmante em nossa sociedade. Precisamos nos preocupar mais com essas questões”, concordou Gilson Barbosa, do Grupo de Adolescentes e Jovens da Igreja Assembleia de Deus, presente nos debates.
Texto: Janaina Ravanelli / Semsa
Colaborou: Hanny Amoras
Fotos: Luciano Silva e Bruno Cecim

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